Cristiano Zanetta Matos veste a capa de Homem Morcego para dar apoio para pessoas em tratamento em hospitais
A Gotham City de Cristiano Zanetta Matos não e sombria. É clara, tem paredes brancas e chão limpo. Coringa, Duas Caras ou Charada não estão à espreita. O inimigo é invisível, se esconde em corpos fragilizados e rostos tristes. O cinto multi-uso é usado apenas para a caracterização.
A missão ao vestir o traje de Batman não requer uso de arma alguma. Apenas de força. Muita. O Homem Morcego que mora no Sul de Santa Catarina não combate o crime. A luta é apoiar pessoas em tratamento contra o câncer em hospitais.
IDADE: 40
PROFISSÃO: Empresário e professor de educação física
CIDADE: Urussanga, Sul de Santa Catarina
Visito crianças, adolescentes e adultos. São abordagens diferentes. Crianças sofrem mais por causa da tristeza dos pais. Elas suportam a dor, mas se entregam às vezes por causa dos pais, deixam de comer, de falar e até de se mexer. Já vi criança que não se mexia voltar com tudo. Para todos a mensagem é não perder esperança e ter força para enfrentar os desafios, porque a vida é feita de desafios. Digo que podem ser o quiserem na vida.
Antes fazia visitas vestido de palhaço também em colégios de comunidades carentes, asilos e também hospitais, mas não na ala de oncologia. Comecei em 2008 como Batman, depois de um caso de câncer na família. Nos primeiros anos havia muita resistência dos hospitais, entrava escondido. Cheguei a arrombar porta uma certa vez, no estilo do Batman mesmo, que vai lá e faz o bem, o que é certo. Mas com a popularização dos filmes ficou mais fácil. Antes, meu pai tinha vergonha, pessoas achavam ridículo eu me vestir de Batman. Hoje, tem até outras pessoas fazendo o mesmo em outros lugares, e também vestidas de Batman ou outros super heróis.
Faço entre uma ou duas vezes por semana. Além da academia em Urussanga, eu faço palestras em empresas pelo país. Parte do que ganho, aplico em trabalho social, porque não tenho instituto ou ONG. Uso para dar algum conforto aos pacientes ou ajuda com algum medicamento. Faço palestras para crianças em escolas de forma voluntária. Quando estou fora, costumo visitar a oncologia de hospitais da cidade. Acho que inspiram outras pessoas a fazer trabalho social. Acho que se pode fazer o bem em qualquer lugar que estiver.
Gostava do Super-Homem quando era criança, até haver um incêndio na casa em que morava e eu descobrir que não tinha força para salvar minhas irmãs. Eu tinha seis anos e não conseguia arrombar a porta em que elas estavam enquanto enquanto a residência estava em chamas. Elas foram salvas pelos bombeiros. Esse episódio me deixou traumatizado, não falava com ninguém, desenvolvi dislexia. No tratamento com a psicóloga ela me apresentou o Batman, que era um herói sem superpoderes, fez a comparação com um bombeiro. .
Sempre quis manter a melhor postura ao me vestir de Batman. Tem quem coloca a roupa e perde a caracterização e o respeito pelo personagem. Por causa minha postura, a Warner entrou em contato comigo em uma época em que a internet e o compartilhamento não era tão presente como hoje. Me encontraram em uma reportagem na internet que mostrava o meu trabalho de convencer as pessoas a voltar ao tratamento.
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